Muito difícil comentar o que aconteceu ontem. Inúmeros de clichês vêm à mente: “o tostão venceu o milhão”, “o Timão dominou o mundo”, “o Japão foi tomado pelo bando de loucos” e etc.
Destacamos alguns pontos e peças: Tite foi não menos que perfeito em sua leitura tática. O melhor treinador brasileiro disparado acertou a mão outra vez.
Jorge Henrique entrou no lugar de Douglas e fez uma ótima partida, taticamente perfeita, aproximando-se de Ralf e Alessandro e ajudando a anular a criativa armação do Chelsea.
Manter Guerrero como homem referência no ataque deu mais que certo: valeu o gol do título. Decisão contestada por se tratar de um time cuja característica é não ter um referente, Tite mostrou-se preciso em apostar no peruano.
O atacante foi importante em quase todos os lances de perigo do ataque corintiano e manteve tanto David Luís quanto Cahill ocupados. Foi premiado com os dois únicos gols do Timão marcados no Mundial. E pela Bola de Bronze da competição.
Danilo, como de costume, foi brilhante. Frio, discreto, calculista e genial. Roubou bolas de Torres e Mata na defesa, acertou passes importantes pra ditar o ritmo do time e fez uma jogada que só jogadores acostumados a decidir fazem no gol de Guerrero. Reafirma-se (pela milésima vez) como o melhor meia do Brasil.
O sistema defensivo do Corinthians é algo incrível e a atuação magnífica de Cássio foi “só” a cereja do bolo. Defesas dignas dos melhores goleiros do mundo, o arqueiro corintiano levou a Bola de Ouro do Mundial, que premia o melhor jogador. Virou ídolo da torcida. São Cássio de Yokohama. Mostrou que ataque ganha jogo, mas é defesa que ganha campeonato.
Mas o que podemos tirar disso tudo? Ao pensarmos em toda a trajetória do time que foi rebaixado, eliminado na pré-Libertadores ao time que ganhou o Brasileiro e no ano seguinte a Libertadores e o Mundial de forma invicta, pelo menos um ponto deve ser destacado: a profissionalização do clube.
Em cinco anos, o Corinthians teve apenas três técnicos, coisa comum ao futebol europeu, mas não ao brasileiro. Um deles, inclusive, só saiu para assumir a Seleção Brasileira.
A decisão acertada de manter Tite após a eliminação para o Tolima em 2011 mostrou frutos antes do que se poderia imaginar: campeão brasileiro do mesmo ano. E, mais importante, constante evolução técnica e tática da equipe.
Se compararmos o Santos que disputou o ano passado com o Corinthians desse ano, vemos uma diferença gritante. Enquanto o Santos jogava no esquema “3-5-toca pro Neymar”, a riqueza tática do Corinthians é digna dos grandes clubes europeus.
A gigantesca superioridade na estratégia de jogo do Timão é fruto de preparação constante e da segurança e confiança no trabalho de um grupo. Por parte da direção e dos jogadores. Poucos técnicos no Brasil tem a liberdade de tirar um meio campista que deu assistência na semifinal e entrar com um time diferente na final. Na Europa é normal, no Brasil, não.
E o trabalho não para: o clube já pensa em reforços para 2013 (Renato Augusto já foi confirmado e agora se fala em Alexandre Pato). Sem contar o marketing do time, ainda inigualável no Brasil.
Mas vale ressaltar que não é uma evolução do futebol brasileiro. É uma evolução apenas do Corinthians. Tomara que sirva para alavancar mais mudanças de posturas em mais clubes, por enquanto isso não aconteceu.
O Corinthians fez uma partida perfeita? Não, Emerson e Paulinho ficaram abaixo do que se esperava deles, mas não chegaram a jogar mal. Ralf melhorou muito apenas no segundo tempo, quando se aproximou de Lampard e anulou os passes de média e longa distância dos Blues. Mas nenhuma crítica deve ser feita hoje.
A torcida fiel, camisa 12 do time, deu um show no Japão e mereceu destaque na imprensa inglesa. Doze anos depois de vencer seu primeiro Mundial, o time conquista o bi no torneio que começou 12/12/12. O melhor jogador da competição foi o goleiro Cássio, número 12.
É… 2012 será mesmo um ano que ficará na memória do corintiano para sempre.
Depois de tanto gritar e comemorar esse ano, a torcida agora grita “Volta, Corinthians” que o bando de loucos, aquele que nunca vai te abandonar, está esperando de braços abertos e um sorriso estampado na cara.